O «terramoto» das eleições gregas
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Segundo os media europeus, com a eleição do Syriza vinha aà um terramoto na Grécia e até mesmo na Europa. O Syriza foi sistematicamente chamado pelos jornais portugueses (e não só) como «extrema-esquerda». Não era só o espectro de ser de esquerda que se perfilava no horizonte; ainda para mais era «extrema»! Agora, sim, a troika e a «austeridade» iriam ser arrumadas para o caixote do lixo. Agora, sim, o Syriza iria mostrar como se arrancava um povo das fauces sugadoras da troika.
Tremenda ilusão. Em que muitos caÃram. Excepto as Bolsas europeias que não se incomodaram nada com os planos gregos de «renegociação da dÃvida» do ministro das finanças Yanis Varoufakis (YV), e do seu plano de troca de dÃvida por dois tipos de tÃtulos obrigacionistas ([1]): um deles, a pagar só quando a economia grega viesse a crescer; o outro, a pagar modicamente e perpetuamente.
As Bolsas – logo, o grande capital – não se incomodaram por duas boas razões: porque o Syriza não nacionalizou os bancos nem previa tal no seu programa; porque sabiam que por debaixo da capa de «extrema-esquerda» o Syriza era uma nova reincarnação social-democrata.
Derrota total no primeiro embate
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Logo no primeiro embate com o Eurogrupo (EG) o Syriza mostrou a sua fibra. Derrota e recuo em toda a linha ([2-4]). A corrupta oligarquia grega (lá como cá ligada ao Império), tem vindo a mamar os resgates ao mesmo tempo que mantém o investimento no mÃnimo e descapitaliza a banca. Desde Dezembro de 2014 que 20 biliões de euros (mil milhões de euros) voaram dos bancos gregos para a SuÃça e outras paragens. Com os cofres do Estado vazios, os pagamentos de funcionários públicos ameaçados, e sem controlar a banca, o Syriza foi forçado a pedir um novo empréstimo. Na primeira reunião com o EG na passada 6.ª feira, 20 de Fevereiro, YV pediu, para tal, a extensão por mais seis meses de um resgate anterior. Em troca dessa extensão Atenas comprometia-se a: manter um saldo orçamental positivo, mas abaixo da meta exigida pela troika; não tomar medidas unilaterais que impedissem o cumprimento de metas fiscais do EG (como, por exemplo, suspender privatizações); pedir a «renegociação da dÃvida» com vista ao crescimento económico; abandonar a proposta de perdão da dÃvida, com alargamento do prazo de pagamento e descida de taxas de juro.
Em suma, YV avançou com uma proposta que recuava das promessas do Syriza, designadamente no que se referia à suspensão das privatizações e à exigência de perdão parcial da dÃvida. DÃvida essa que economistas destacados das mais diversas persuasões polÃticas (incluindo o keynesiano e prémio Nobel Paul Krugman) já disseram ser impagável. O que, aliás, é fácil de ver; não é preciso ter o prémio Nobel.
Para não alarmar os seus votantes, o Syriza afirmou a 20 de Fevereiro que a Grécia «deixou para trás a austeridade, o memorando e a troika» ([3]).
Pois apesar do recuo, a Alemanha – o pivot do Império na Europa, que mais tem lucrado com a UE e a zona euro ([5]) — não aceitou o plano YV. Nem a Alemanha nem… os seus lacaios neoliberais, com especial destaque para os ministros das finanças português e espanhol. O EG apenas concedeu mais quatro meses de resgate, com YV a comprometer-se com todas as exigências da troika (sob o eufemismo de «honrar as obrigações financeiras com os seus credores») incluindo «o firme compromisso com o processo de reformas estruturais»; isto é, de continuar a desmantelar os direitos dos trabalhadores e benefÃcios sociais. Afinal o Syriza não tinha deixado para trás a austeridade, o memorando e a troika. A derrota de YV foi tão monumental que W. Schäuble (ministro das finanças alemão) comentou sarcasticamente que agora se ia ver como é que o Syriza se ia explicar ao povo grego. O Governo grego, para não perder o apoio dos seus votantes, veio dizer a 23/2 que concorda com 70% (?) das medidas de resgate e que não iria mudar a lei laboral nem a lei sobre o crédito mal parado. Veio também anunciar aquelas medidas que os governos capitalistas também anunciam quando querem mostrar obra: melhorar a colecta de impostos e combater a corrupção. Detalhes sem importância que não escondem o essencial: a derrota imposta pelo grande capital, personificado na Alemanha. Uma Alemanha que também já disse ao Syriza que se recusava a discutir o assunto das reparações de guerra decorrentes da ocupação nazi e a devolução de empréstimos gregos à Alemanha depois da 2.ª guerra mundial.
A desilusão com o Syriza (para aqueles que alimentavam ilusões) é total. Um herói anti-fascista grego, Manolis Glezos de 92 anos, anunciou ontem o seu desvinculamento do Syriza, pedindo desculpa ao povo grego «por ter participado na ilusão» que levou o Syriza ao poder e apelou à acção «antes que seja tarde».
O sem-saÃda do reformismo
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Varoufakis é a face exemplar de uma certa corrente hodierna de «esquerda» que chega a reclamar-se de marxista, quando não é mais do que defensora de um Marx inócuo, não revolucionário. Uma corrente positivista («não interessa a teoria, só interessam as observações subjectivamente percebidas»), social-democrata, defensora do capitalismo. Logo, por definição, não de esquerda.
Na Grécia, esta corrente chama-se Syriza. Em Espanha, chama-se Podemos. Em Portugal, chama-se Tempo de Avançar. A pobreza teórica reflecte-se no ecletismo de todas estas organizações: mantas de retalhos de diversas proveniências. O Syriza, por exemplo, é uma aliança de sociais-democratas, de socialistas democráticos, de eco-socialistas, de patriotas de esquerda, de feministas, de verdes de esquerda, de maoÃstas, de trotskistas, de eurocomunistas e de eurocépticos. O Tempo de Avançar é uma coligação do Livre, Renovadores Comunistas, Manifesto 3D, Fórum Manifesto, e Movimento Cidadania e Intervenção, onde pululam as mesmas «ideias».
Todas estas correntes são semeadoras de ilusões reformistas. O que são estas ilusões reformistas e porque razão não funcionam foram já por nós discutidas no artigo: A ilusão de uma saÃda reformista da crise. No fundo, o que está a acontecer com o Syriza é a confirmação do que já aà dizÃamos.
Vale a pena analisar o discurso de YV. O que YV diz é também o que dizem muitos reformistas da nossa praça, incluindo a actual direcção do PCP. Isto é, o que diz YV tem claras repercussões na análise a que a esquerda deverá proceder em Portugal.
Varoufakis fez uma apresentação das suas ideias no 6.o Festival Subversivo de Zagreb, em 2013. O Festival Subversivo, de subversivo não tem muito. Na edição deste ano participarão Slavoj Žižek (eurocomunista de posições sociais-democratas), Alexis Tsipras (eurocomunista), Oliver Stone (budista, votante de Obama mas crÃtico da polÃtica estrangeira dos EUA) e David Harvey (crÃtico do neoliberalismo e divulgador de O Capital). Um Festival da esquerda… baixa. Daquela que não incomoda o capitalismo, antes pelo contrário. Serve para desviar possÃveis aderentes daquela que incomoda.
A versão transcrita da apresentação de YV em Zagreb tem como tÃtulo: «Confissões de um marxista irregular no meio de uma crise europeia repugnante» (Confessions of an erratic Marxist in the midst of a repugnant European crisis). Portanto, YV não é um marxista; é, sim, um marxista irregular, isto é, de vez em quando. YV coloca a questão sobre se a esquerda deve utilizar a crise para desmantelar uma UE baseada em polÃticas neoliberais, ou se deve aceitar que não está preparada para uma mudança radical e lutar por estabilizar o capitalismo europeu. Responde, dizendo que, por muito que repugne aos «radicais» (designação vaga que serve para tudo; até Hitler era um radical) o «dever histórico» da esquerda nesta conjuntura é estabilizar o capitalismo, «salvar o capitalismo europeu dele mesmo e dos inábeis gestores da inevitável crise da zona euro». Estão a ver? Os capitalistas não sabem ser capitalistas. É preciso salvá-los de si próprios, da sua incompetência como capitalistas. Para tal, existe a «esquerda», que por definição é anti-capitalista, mas cujo «dever histórico» nesta conjuntura é salvá-los! A «esquerda» que, como todos sabem, é competentemente capitalista.
Na sua argumentação YV cita Marx dizendo que certas coisas que Marx disse estão certas. O pior é a teoria que subjaz à análise marxista que, para YV, é demasiado determinista. YV gosta mais dos «espÃritos animais» de Keynes e coisas do género. Sobre a leitura idiossincrática que YV faz de Marx ver Yanis Varoufakis: more erratic than Marxist.
Mas se YV não gosta da teoria de Marx, vejamos ao menos a sua prática. Logo que foi ministro, YV afirmou que a Grécia não sofreria um «acidente financeiro» nem seria forçada a deixar a zona euro (embora, segundo YV, não devesse ter entrado). Disse também que a Grécia não deixaria de pagar a dÃvida ao FMI e aos investidores privados. E que a economia de Grécia podia crescer suficientemente depressa para sair da dÃvida; crescimento a construir a nÃvel europeu, devendo ser lançado sob hegemonia alemã um programa de reactivação de toda a economia europeia como o New Deal de Roosevelt e o plano Marshall dos anos cinquenta! Que sonhador, este reformista!
Quanto aos bancos gregos, YV não se mostrou muito preocupado, apesar dos biliões de euros que saÃram do paÃs e continuam a sair. YV afirmou ainda que o novo governo não alteraria as privatizações em curso e que a Grécia deveria manter-se um destino atractivo para o investimento estrangeiro. Sigamos a análise de [6]:
«Que tipo de programa é este? Na verdade é difÃcil dizê-lo. No que concerne à dÃvida, reflecte sem dúvida a realidade inescapável de que a dÃvida grega é impagável […] Tudo o mais parece sobretudo uma colecção de frases para a galeria, sem muita coerência, para ser suave. Que crescimento há que construir a nÃvel pan-europeu? Como é isso de lançar um programa de investimentos em toda a Europa? Vai o governo grego convencer Merkel, Hollande e Rajoy, ou vai esperar que Podemos ganhe as eleições para ter um aliado? YV diz que os investimentos privados na Grécia se reactivarão logo que se alivie o peso da dÃvida. Ai, sim? Primeiro, há que ver se ocorre esse alÃvio mas, supondo que ocorre, por que artes mágicas vão reactivar-se esses investimentos? Será porque os salários gregos serão “atractivos†(ou seja, quanto mais baixos melhor) para os agora chamados investidores, aliás capitalistas de outros tempos? Vai o Syriza intentar o avanço nessa direcção? Irão os investimentos fluir para a Grécia porque o novo governo os brindará com segurança e garantia de que o capital será respeitado e não sofrerá beliscadura sob a forma de impostos, nacionalizações ou regulamentos? Mas, quem possui a dÃvida grega, não são precisamente esses capitalistas? Não lhes soará mal qualquer “quitaçãoâ€, qualquer redução da dÃvida, que não seria outra coisa que a perda parcial ou total do seu capital?»
Sobre o desdém de YV pela teoria, diz o autor de [6] (ênfases nossos): «YV em Zagreb disse que em nenhuma das suas intervenções polÃticas ou económicas de anos recentes se guiou por modelos económicos que, a seu ver, são absolutamente irrelevantes para entender o capitalismo real que hoje existe. A frase tem que se lhe diga, porque se não se tem um modelo, é impossÃvel fazer-se uma ideia de como se desenvolvem os fenómenos sobre os quais se quer actuar. Será possÃvel navegar de Barcelona a Londres sem nenhum mapa que mostre os itinerários possÃveis? Será possÃvel entender um circuito electrónico com dÃodos, condensadores e transÃstores sem ter na mente esquemas de como funcionam essas coisas?»
De facto, não é possÃvel ter uma prática consistentemente correcta sem uma teoria correcta. É certo que uma teoria correcta não é suficiente para uma prática correcta. (Podemos saber muito de dÃodos, condensadores e transÃstores e aqui e além cometer erros de compreensão do funcionamento de um circuito electrónico.) Mas uma teoria correcta é, contudo, uma condição necessária.
O autor de [6] conclui assim: «“O das barbasâ€, como Varoufakis chama à s vezes a Marx, passou toda a sua vida investigando planos e esquemas teóricos […] para formar com eles um modelo geral da economia capitalista. O modelo geral está certamente incompleto, os esquemas não nos permitiram predizer, por exemplo, que os EUA se converteriam no principal paÃs do sistema capitalista mundial na segunda metade do séc. XX, que revoluções anticapitalistas teriam lugar na Rússia e na China (e fracassariam) e que os computadores e a Internet mudariam por completo a aparência do mundo. Porém, os esquemas de Marx, abstractos em extremo como são, permitem entender porque razão o capitalismo é fonte continua de desigualdade social, porque razão está condenado a crises, uma e outra vez, e porque razão as tentativas bem ou mal intencionadas de regulá-lo ou “salvá-lo” só conduzem ao fracasso ou a converter a quem os protagonizam em parte desse grupo de gestores de alto gabarito que em Espanha são frequentemente chamados hoje de “a castaâ€. Eliminar o capitalismo é certamente difÃcil e muitos estarão de acordo com Varoufakis de que “a esquerda†não está preparada para isso. Mas afirmar que do que se trata hoje é precisamente de salvar o capitalismo, não é isso negar tudo o que de importante esteve alguma vez por trás dessa nebulosa ideia de “a esquerdaâ€? […]»
Quanto a nós, desde o inÃcio do presente blog que temos defendido que Portugal tem de ser salvo da incivilização do capitalismo. E temos procurado fundamentar as medidas que se impõem numa alternativa de esquerda (ver artigos anteriores). Incluindo a nacionalização da banca, não contemplada pelo Syriza. Esta e outras medidas anticapitalistas, que implicam sair do euro e, possivelmente, da UE, impor-se-ão quando o povo compreender e se alçar na luta por uma solução de esquerda. Uma solução rumo ao socialismo. Naturalmente, com uma organização à altura da tarefa. «Atalhos» reformistas só adiarão ainda mais essa compreensão e disponibilidade para a luta. |
The Greek elections «earthquake»
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The election of Syriza was, according to the European media, an earthquake for Greece and even for Europe. Syriza was systematically coined by the Portuguese (and others) newspapers as being from “extreme left-wing”. Thus, not only the specter of “left-wing” emerged in the horizon; it was furthermore an “extreme” specter. Now, at last, troika and “austerity” would be swept away to the dust bin. Now, at last, Syriza would show how to pull out a country from the sucking troika snouts.
Tremendous delusion. With many falling for it. Except the European stock-markets which didn’t bother at all with the Greek plans to “renegotiate the debt” of Finance Minister Yanis Varoufakis (YV), and of his plan to swap debt by two types of bonds ([1]): one, to be paid when the Greek economy would grow; the other, to be paid perpetually in modest shares.
The stock markets – therefore, the big capital – didn’t bother for two good reasons: because Syriza neither nationalize the banks nor put forward that intent in its program; because they knew that under the “extreme left-wing” cloak Syriza was just a new reincarnation of social-democracy.
Total defeat at the first clash
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In its first clash with the Eurogroup (EG) Syriza has showed its fiber. Pull back and defeat on the whole frontline ([2-4]). The corrupt Greek oligarchy (there as here attached to the Empire) has been sucking bailouts and at the same time keeping the investment to a minimum and decapitalizing the banks. Twenty billion euros have flown out of the Greek banks to Switzerland and other places, since December 2014. With empty State vaults, threatened payments to civil servants, and without any control on the banks, Syriza was forced to beg for a new loan. In its first meeting with the EG last Friday, February 20, YV asked, for that purpose, an extension of a previous bailout for a further six months time. In exchange, Athens proposed the following compromise: to maintain a positive budgetary balance, although below the target set by the troika; not undertaking measures that would impair the attainment of EG fiscal goals (e.g., suspension of privatizations); to apply for a “renegotiation of the debt” having in view the economic growth; to abandon the proposal of a debt write-off, and instead apply to a widening of the maturity time span and the lowering of the interest rate.
Briefly, Syriza put forward a proposal that stepped back on all Syriza promises, namely on the suspension of privatizations and the demand for a partial debt write-off. A debt that prominent economists of various political persuasions (including the Keynesian and Nobel prize Paul Krugman) have already told to be impossible to pay. An observation easy to arrive at; surely not demanding a Nobel prize.
In order not to alarm its voters, Syriza stated in February, 20, that Greece “had left behind the austerity, the memorandum and the troika” ([3]).
Well, notwithstanding the pull back, Germany – The Empire pivot in Europe, the country that has most profited with the EU and the Eurozone ([5]) – did not accept YV’s plan. Neither Germany nor… its neoliberal lackeys with special mention going to the Portuguese and Spanish Finance Ministers. The EG only granted a further four months of bailout, with YV yielding to all troika demands (under the euphemism of “to honor the financial commitments with its creditors”) including the “firm compromise with the process of structural reforms”; that is, to go on dismantling workers’ rights and social benefits. After all, Syriza had not left behind the austerity, the memorandum and the troika. The defeat of Syriza was as monumental as to trigger the sarcastic comment of W. Schäuble (German Finance Minister) that now one would see as how Syriza would explain to the Greek people what had happened. The Greek government caring not lose the support of its voters came out with a statement on February, 23, that it agreed with 70% (?) of the bailout measures and that it would not change labor and defaulting debt laws. It also announced such measures as capitalist governments use to announce when they want to show some work: to improve tax collecting and fight corruption. Unimportant details that do not hide the essential: the defeat imposed by the big capital, personified by Germany. Germany that also told Syriza that it refused to discuss the matter of war reparations related to the Nazi occupation and paying back Greek loans to Germany contracted after the Second World War.
The delusion with Syriza (for those who entertained illusions) is complete. A Greek antifascist hero, the 92-year old Manolis Glezos, announced yesterday that he severed ties with Syriza asking for forgiveness to the Greek people “for participating in the illusion” that propelled Syriza to the power, at the same time appealing to action “before it is too late”.
The reformist dead-end
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Varoufakis is the exemplary face of a today’s specific “left-wing” current that claims to be Marxist when it is nothing else than a defender of a sanitized non-revolutionary Marx. A positivist current (“don’t bother with theory, only subjectively perceived observations are important), social-democrat, supportive of capitalism. Hence, a non-left current by definition.
This current is called Syriza in Greece. It is called Podemos in Spain. And in Portugal is called Tempo de Avançar. The theoretical poverty is reflected by the eclecticism of all these organizations: patchwork quilts of various sources. Syriza, for instance, is an alliance of social-democrats, democratic socialists, eco-socialists, left-wing patriots, feminists, left-wing greens, Maoists, Trotskyites, Eurocommunists and Eurosceptics. The Tempo de Avançar is a coalition of Free, Communist Renewal, Manifest 3D, Forum Manifest, Citizen and Intervention Movement, small parties where the same “ideas” swarm freely.
All these currents are spreaders of reformist delusions. What these delusions are and why they cannot work have been already discussed by us in the article “A ilusão de uma saÃda reformista da crise“. What is happening with Syriza is after all a confirmation of what we said in that article.
Varoufakis discourse is worth analyzing. What YV has to say is also what our home-made reformists have to say, including the present leadership of the PCP. Thus, what YV has to say has clear repercussions on the analysis that the Portuguese left must carry through.
Varoufakis made a presentation of his ideas at the 6th Subversive Festival of Zagreb in 2013. The Subversive Festival has not that much of subversive ness. This year’s edition counts among its participants Slavoj Žižek (Eurocommunist with social-democratic positions), Alexis Tsipras (Eurocommunist), Oliver Stone (Buddhist, a voter on Obama but critical of US foreign policy) and David Harvey (critic of neo-liberalism and divulger of Capital). A Festival of the Left… of the low kind. Of that kind that doesn’t bother capitalism — quite the opposite. It is of service to deviate possible adherents of the Left that truly bothers.
The written version of YV presentation at Zagreb is entitled “Confessions of an erratic Marxist in the midst of a repugnant European crisis”. Thus, YV is not a Marxist; he is an erratic Marxist, i. e., from time to time. YV raises the question of whether the Left must use the crisis to dismantle an EU based on neo-liberal policies, or instead accept that it is not ready for a radical change and struggle to stabilize the European capitalism. He answers by saying that though it is repugnant to “radicals” (vague designation suiting everything; even Hitler was a radical), the “historical duty” of the Left at the present particular juncture is to stabilize capitalism, “to save European capitalism from itself and from the inane handlers of the Eurozone’s inevitable crisis”. See? Capitalists do not know how to be capitalists. They have to be saved from themselves, from their incompetence as capitalists. For that purpose, there is the “Left”, which by definition is anticapitalist but whose “historical duty” at this particular juncture is to save them! The “Left” that as you all know is competently capitalist.
YV does quote Marx in his line of argument, admitting that some things that Marx said are correct. Unfortunately, for YV, the theory underlying Marx’s analyses is too much deterministic. Keynes’ “animal spirits” and that sort of things is more to the liking of YV. On YV idiosyncratic reading of Marx we recommend Yanis Varoufakis: more erratic than Marxist.
But if YV doesn’t like Marx’s theory, let us at least take a look of what sort his practice is. As soon he became Minister of Finance YV stated that Greece would not suffer a “financial accident” nor would be forced to leave the Eurozone (though, according to YV, it shouldn’t have entered either). He also said that Greece wouldn’t back from paying the debt to IMF and to private investors. And, furthermore, that Greek economy would be able to grow at a sufficiently high rate to escape from the debt burden. A growth rate to be handled at pan-European level, on the premise that a program for the reactivation of the whole European economy should be launched under German hegemony, such as Roosevelt’s New Deal or the Marshall Plan of the fifties! What a dreamer, this reformist!
In what concerns the Greek banks, YV didn’t show much preoccupation, though billions of euros have left the country and continue to flow away. YV also said that the new government would not change the running privatization process and that Greece should be kept as an attractive destination for direct foreign investment. Let us now follow the analysis of [6]:
“What sort of program is this one? Truly, it is difficult to say. In what concerns the debt, it reflects no doubt the inescapable reality that the Greek debt cannot be paid […] Everything else looks more as a collection of sentences for the gallery of populism, without much coherence, to put it leniently. What growth is there to be built at a pan-European level? What is that thing of launching an investment program for the whole Europe? Is the Greek government going to convince Merkel, Hollande and Rajoy, or is it going to wait that Podemos wins the elections in order to have an ally? YV says that private investments in Greece will be reactivated as soon as the debt burden is relieved. Really? First, the relief has to be seen, but supposing it does occur, which magic wand will reactivate the investments? Will that take place because Greek salaries will become “attractive” (i. e., the lower the better) for the newly-called investors, in fact the capitalists of other times? Is Syriza going to intent an advance on that direction? Will the investments flow to Greece because the new government will gift them with assurances and guaranties that capital will be respected and will not suffer any pinch on taxes, nationalizations and regulations? But those that own Greek debt aren’t they precisely those capitalists? Wouldn’t it sound weird to their ears any “discharge”, any debt relief, amounting to no other thing than the partial or total loss of their capital?”
On YV’s disdain for theory, says the author of [6] (our emphases): “YV told in Zagreb that in none of his political or economic interventions of recent years was he guided by economic models, which to his looking are absolutely irrelevant to understand the real capitalism that exists today. This assertion begs a remark, because if one does not have a model, one is denied the possibility of an idea on how phenomena unfold, in order to act upon. Is it possible to sail from Barcelona to London with no map showing the possible itineraries? Is it possible to understand an electronic circuit with diodes, capacitors and transistors without having in the mind models on how such things work?”
As a matter of fact, it is not possible to have a consistently correct practice without a correct theory. True, a correct theory is not sufficient to have a correct practice. (We may know a lot about diodes, capacitors and transistors and here and there fail on interpreting how an electronic circuit works.) But a correct theory is nevertheless a necessary condition.
The author of [6] concludes as follows: “”The bearded one” as Varoufakis sometimes calls Marx passed is whole life investigating plans and theoretical outlines […] to form with them a general model of the capitalist economy. The general model is surely incomplete, the outlines didn’t allow us to predict, e.g., that the US would become in the second half of the 20th century the main country of the world capitalist system, that anticapitalist revolutions would take place in Russia and China (and would fail), and that computers and Internet would completely change the appearance of the world. However, Marx’s theoretical outlines, abstract in extreme as they are, allow us to understand why capitalism is a continuous source of social inequality, why it is doomed to crises one time and another, and why the attempts to “save it” or adjust it, be they good or bad intended, can only lead to failure or to convert their protagonists in members of the high-level managers group often named in today’s Spain as the “casta”. Eliminating capitalism is certainly difficult and many will agree with Varoufakis that “the Left” is not prepared for it. But stating that the real issue today is precisely saving capitalism isn’t that denying everything of importance lying behind the cloudy idea of “the Left”? […]”
As to us, we have since the beginning of this blog defended that Portugal has to be saved from the uncivilization of capitalism. And we have attempted to provide sound justifications to the needed measures of a left alternative (see our previous articles). One of them being the nationalization of the banks, not contemplated by Syriza. This and other anticapitalist measures implying exiting the euro and, possibly, the EU, will impose by themselves when the people understand and rise in the struggle for a left solution. A solution on the way to socialism. Quite naturally, with an organization up to the task. Reformist “shortcuts” will only postpone further away that understanding and commitment to the struggle. |